Um simples presente
Opiniao

Um simples presente

O pai trabalhava muito. A mãe também. Logo o filho Joaquim estudava em tempo integral e quando o ano letivo estava para encerar, a diretoria da escola encaminhou um bilhete para todos os pais a dizer que na última semana de aula os filhos poderiam faltar, de modo que Joaquim não faltou um dia sequer naquela semana, visto que os pais não tinha com quem deixá-lo.
Entre meia dúzia de alunos, a professora – na segunda semana do mês de dezembro – solicitou aos alunos que fizessem uma carta para o Papai Noel, de maneira que houve um senso comum no conteúdo escrito: “Querido papai Noel, eu me comportei muito bem e gostaria de ganhar ruma boneca”. “Querido papai Noel, eu pedi um carrinho de controle remoto no meu aniversário, mas meu pai me deu roupas” entre ‘por favores’ e ‘obrigados’, as gentilezas nas cartas não eram pedidos extraordinários. Bola, carrinho, boneca, peão, jogo, trenzinho, DVD, videogame, essa coisas todas são lugares-comuns numa carta de natal escrita por crianças.
Essa atividade durou uma aula inteira, a professora corrigiu, mas manteve posse das cartinhas. “Queridos alunos, peguem uma caneta e um pedaço de papel porque agora vocês vão escrevam uma carta para os pais de vocês.” Joaquim ficou pensativo, não só ele, mas como toda a meia dúzia de criança que estava na classe. Demoraram um pouco para eles começarem e a professora deu algumas dicas e ideias de como iniciar uma atividade como essa. Após alguns minutos toda a sala havia terminado, exceto Joaquim que ainda escrevia. A professora ficou curiosa, porém deixou-o terminar e encerrou a aula e foi quando a professora ligou para os pais a fim de que eles comparecessem na escola para uma ‘pequena reuniãozinha’ no dia seguinte. Joaquim foi o único que foi com o pai e a mãe, os outros pais foram sem os filhos à escola. A professora então falou na sala: “Pais, essa semana eles escreveram uma cartinha para o papai Noel e outra para vocês. Essa é do papai Noel” E então ela entregou para que cada pai pudesse ler. Ato feito, a professora continuou: “E esta é a carta que eles escreveram para vocês”.
Todos os pais haviam terminado de ler, exceto os pais de Joaquim, já que a carta era mais longa e a mãe não escondeu lágrimas: “Querido papai e mamãe, quero que fiquem mais tempo comigo e que possamos fazer coisas juntos. Quero experimentar coisas novas ao lado de vocês, quero ver como é a vida com um pai e uma mãe ensinando as coisas para um filho. Quero que se importem mais comigo. Eu gostaria que jantassem comigo de vez em quando, quero que me façam cócegas, que leiam uma história, que tomem um sorvete comigo e que assistam a um filme ao meu lado. Quero brincar, mamãe; e quero que brinque comigo. Pai, eu quero aprender a andar de bicicleta, não importa se eu cair, pelo menos estarei ao seu lado. Enfim, Quero que estejamos um dia juntos”.
Nós pais nos preocupamos em dar o melhor para os nossos filhos, mas o melhor está em nós mesmo.

O medo de perder tira a vontade de ganhar.” – autor desconhecido.