Uma experiência transformadora
Opiniao

Uma experiência transformadora

Uma médica brasileira foi escalada para trabalhar no Continente africano. Antes de partir ela não sabia o que poderia encontrar lá, quais doenças, moléstias e carências os jovens e as crianças teriam de modo que, como era cardiologista pensou, pois, que poderia ser algo relativo à sua especialização.
Ao chegar em Moçambique, país no sudeste do continente africano, ela teve o prazer de conhecer seus afilhados: crianças de quem ela cuidaria e prestaria assistência. Uma dessas crianças morava numa casa simples com apenas um cômodo, onde havia um só colchão que dormiam os quatro irmãos mais novos. A casa era feita com madeiras e bambus entrelaçados amarrados entre si por cipós, numa técnica conhecida como pau a pique. O teto era de capim-sapé, uma gramínea, cujos caules secos são utilizados para o telhado de casas rústicas.
A família do menino não tinha muita coisa, e tudo o que se conseguia era por doações através de movimentos internacionais humanitários. Como a médica ficaria um bom tempo a trabalho em regiões da África, levou uma mala cheia de pertences, portanto.
Ao realizar que aqueles quatro irmãos tinha uma mãe solteira, e que eles viviam num abrigo pobre com nada de luxo, a médica sentiu no coração que deveria agir de maneira generosa, de modo que pôs-se a doar boa parte de seus objetos àquela família.
Cobertores, vestuários, calçados, alimentos, enfim de tudo que ela deu sobraram algumas coisas, já que eram especiais pra ela como: celular e outras tecnologias; presentes para entes no Brasil; além de algumas roupas que ela não pôde doar, do contrário não teria o que vestir.
A médica ainda fez algumas avaliações rotineiras; clinicou jovens, adultos e crianças e, quando já estava a se despedir daquela simples aldeia, o irmão mais velho veio retribuir seu trabalho prestado com gentileza: um inocente presente, uma galinha.
Mas não era apenas uma galinha. Aquela ave, para aquela humilde família, não somente era a única coisa que eles possuíam, como também, simbolizava tudo o que eles tinham. Não havia momento mais altruísta ao praticar tamanho desapego. Ela deu algumas coisas para eles, mas eles deram tudo o que tinham. A médica ficou emocionada com o gesto.
Os rios não bebem da própria água, tampouco as árvores não comem do próprio fruto, bem como as flores não perfumam para si e nem mesmo aquele que provê a luz – o sol – não brilha para si próprio.
O quê nos faz pensar que não podemos servir?