Use filtro solar
Opiniao

Use filtro solar

Eram dois amigos que pegaram um voo de Guarulhos e foram parar em Lisboa, cidade mais populosa de Portugal, sem não antes fazerem escala em Amsterdã, onde tiveram experiências gastronômicas inusitadas. Em Lisboa, visitaram o Castelo de São Jorge, foram até a Praça do Comércio, andaram pela orla do Rio Tejo, pegaram um ferry-boat, atravessaram por sob a Ponte 25 de Abril e foram visitar uma tia de um dos viajantes na cidade de Almada, e também degustaram bons vinhos na Península de Setúbal.
De lá, pegaram uma carona e foram até Sevilha, Espanha. Ali estava tendo a Festa da Semana Santa, onde irmandades desfilavam nas ruas saindo de templos e igrejas. Conheceram umas garotas que tentaram lhes ensinar o flamenco, mas os dois jovens rapazes de 27 anos não eram muito afoitos às danças. De trem, foram até Madrid, a primeira coisa que fizeram foi visitar um dos maiores estádios de futebol do mundo, o Santiago Bernabéu, com capacidade para mais de 80.000 pessoas, de modo que se acomodaram num hostel no centro da cidade onde conheceram gente do mundo inteiro. Um dos rapazes se uniu a uma norueguesa cujos traços eram hispânicos, por isso mesmo surpreendentemente era uma bela morena de cabelos cacheados. O outro jovem começou a namorar uma sul-africana loira de olhos azuis da cor do mar e cabelo liso. Foram tomar um café na Plaza Mayor naquela tarde fria e ensolarada.
Despediram-se das moças, não antes sem trocar e-mails e telefones, pegaram um avião e foram para Nova Deli. Visitaram pontos turísticos como a Porta da Índia, Templo de Akshardham – uma das construções mais imponentes que eles já viram – e o Templo de Lótus, a construção moderna mais bonita que tiveram conhecimento. Do hotel onde eles se hospedavam tentaram dar entrada no visto para o Mianmar – um país ao sul do continente asiático. A República da União de Mianmar é um país cuja as fronteiras haviam sido abertas há pouco para visitação.
Alguém do hotel lhes disse que não havia necessidade de esperar pelo visto ser aprovado, pois era só chegar no aeroporto da capital de Mianmar e dar entrada lá na hora mesmo. Com essa informação valiosa os dois peregrinos desembarcaram em Naypyidaw – logo a polícia exigiu:
– Visto por favor.
– Como assim visto? Indagou um deles. -Nós não temos visto!
– Então desculpe, vocês não podem entrar.
– Mas nos disseram que era só dar entrada no visto aqui mesmo no aeroporto.
– Vejam bem, continuou o oficial alfandegário, vocês terão que ir até a Tailândia e dar entrada lá, o procedimento é rápido e o visto sai na hora.
Os dois viajantes agradeceram ao solícito agente e pegaram um trem a fim de atravessar a fronteira para o país vizinho, cuja capital é Bangkok. Lá tiveram aquilo que eles chamam da experiência espiritual mais valiosa. Ficaram dois dias na capital da Tailândia – o suficiente para terem um conhecimento que ninguém nunca irá tirar. Estiveram em contato com costumes onde, até mesmo, em restaurantes se comia com as mãos.
Com o visto já ok, conseguiram entrar em Mianmar. O país possui a maior quantidade de templos budistas do planeta, cada esquina tem um. Logo de início perceberam que muitos cidadãos ali mascam um tipo de folha de tabaco com nozes, o que deixa os dentes sujos e os fazem cuspir a todo instante. O trânsito é caótico, as mãos não saem da buzina, os trajes são panos de tons pastel, os homens são carecas e magros, e todo mundo reza. As pessoas são simpáticas e adoram sair em fotos.
Nos três dias que se seguiram eles tinham ao lado um guia, cujo inglês era bem carregado no sotaque – o jovem budista usava um objeto brilhante na testa e tinha cabelos ralos, adorava contar histórias locais e os levou a templos, restaurantes, templos, igrejas, templos… E o sol queimava! Eram quase 40 graus todos os dias sem um sinal de vento. A frase mais dita pelos guias era: ‘use filtro solar’ – uma ótima recomendação, aliás.

“O tempo é precioso, viajar é preciso” – autor desconhecido